Como escolher Uma leitura prazerosa!

A leitura, antes de ser um hobby, exige um preâmbulo moldado pela experiência, pela curiosidade e pela construção do próprio gosto. Nesse estágio, somos movidos pela expectativa da próxima leitura. Você se pergunta se a história será envolvente, se o autor possui um estilo fluido e cativante (caso esteja lendo-o pela primeira vez) ou se este novo romance estará à altura do anterior (se já o conhece). Ou talvez se questione sobre o que se esconde por trás daquele título intrigante que o atraiu.

Ah, sim! Ler por prazer é uma aventura que o transporta para outro mundo. É uma nova paisagem que se abre diante de você, desenhada por páginas e palavras que um completo estranho dedicou tempo para escrever como se fosse uma carta romântica endereçada a você. Esses personagens, cujas silhuetas você tenta imaginar, são testemunhas silenciosas. Esses lugares, familiares ou desconhecidos, pelos quais você caminha com olhos atentos, são o abrigo que o convida a se sentir em casa dentro da narrativa. Esse sorriso que se esboça em seu rosto é a prova de que você já caiu sob o feitiço da história. Essa força invisível que o conduz pelas mãos não quer nada além de levá-lo a um lugar novo.

Para que sua leitura seja construtiva e prazerosa, há algumas dicas essenciais a considerar.

A receita

Vamos à receita. Tudo começa com o autor. Ele tem à sua disposição apenas 26 letras do alfabeto para criar sua obra. Com elas, ele compõe música, ritmo e emoção. Ao contrário do que se pode pensar, um bom livro não se dirige à cabeça, mas ao coração. E então o autor se entrega a sua própria dança solitária diante da cadeira. Quando sente que alcançou o ponto ideal, deixa sua criação repousar. Ele é um artesão obsessivo, que deseja que seu prato, cozinhado por meses ou anos, seja uma experiência inesquecível para quem o saborear.

Depois, vem o editor. O editor é, antes de tudo, um homem de negócios que não sabe que o é. Ele sempre acredita que poderia escrever o livro no lugar do próprio autor. Mas cuidado! Ele é assim por zelo para com o leitor, aquele que se sentará à mesa para a degustação. Ele sabe que um livro é também um espelho da identidade de sua editora nas vitrines das livrarias. E, acima de tudo, está consciente de que um bom livro não se define apenas pela capa. O leitor é o juiz supremo, e um juiz impiedoso, pois seu prazer está em jogo. Nada frustra mais um leitor do que abandonar um livro inacabado. Ele sente que desperdiçou tempo, energia e dinheiro. Nesse momento, sente-se justificado em culpar o autor, que nem sequer sabe que seu livro foi comprado com a esperança de ser apreciado.

O título

« Se o título for bom, é provável que o livro também seja. » Nem sempre confie nessa máxima. O título pode enganar. Sempre verifique a conexão entre ele e a sinopse na contracapa. Isso o ajudará a enxergar melhor a essência do livro, a fitar o autor nos olhos antes de adentrar seu universo, a escutar a primeira nota de sua sinfonia. Porque a caneta de um escritor é a sua música.

Outros detalhes também são pistas importantes: a forma, o tamanho e a intensidade dos parágrafos, o estilo do autor. Cada escritor tem seu próprio campo lexical, sua própria sensibilidade, seu próprio ritmo. Alguns são leves e descontraídos, enquanto outros são densos e exigentes. Isso também pode refletir o humor e o temperamento do autor, pois ao ler um livro, você também está lendo quem o escreveu.

Considere também a reputação da editora (embora boas publicações não sejam privilégio exclusivo das grandes editoras), os livros premiados (embora a ausência de prêmios não signifique má qualidade), e os autores renomados (lembrando que todo grande escritor já foi um anônimo). E nunca subestime o poder do boca a boca. Quando um amigo recomenda um livro, é porque conhece você, conhece o escritor e sabe que a conexão será inevitável.

A regra dos cinco dedos

A regra dos cinco dedos é simples: abra um livro ao acaso, leia uma página e levante um dedo a cada palavra incompreensível. Se, em uma única página, todos os cinco dedos estiverem no ar, talvez esse livro não seja para você. Mas essa regra não é absoluta. Seja paciente. Uma página difícil pode ser apenas um ponto isolado e não representar toda a obra. Experimente algumas páginas antes de tomar sua decisão.

Seja um leitor inteligente

Não se torne excessivamente exigente após ler este artigo. Caso contrário, corre o risco de se transformar em um leitor frustrado, eternamente em busca do livro perfeito, incapaz de reconhecê-lo quando ele está bem diante de seus olhos. Dany Laferrière, em « Journal d’un écrivain en pyjama » (Diário de um escritor de pijama), conta que encontrou um leitor em um parque em Québec que lia um livro de matemática como se fosse um romance. Ele descobria emoção nos números, equações e exercícios, como se fossem versos de um poema. Seja esse leitor: aquele que busca se desenvolver por meio do prazer da leitura. Seja um leitor melhor a partir de agora!

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